Caça aos tubos

Em entrevista exclusiva, campeão brasileiro Renê Xavier comenta estréia em Noronha


Recém-chegado do arquipélago de Fernando de Noronha (PE), o campeão brasileiro amador Renê Xavier, 18 anos, não esconde o sorriso ao comentar sua primeira temporada nos canudos noronhenses.

O atleta desembarcou em Salvador na última segunda-feira e já está de malas prontas para viajar a outro paraíso. Nesta quarta, Renê segue para a Costa Rica.

Antes de partir, o campeão brasileiro comenta sua trajetória em 2007, o título nacional amador e os planos para o ano de 2008.

Como foi o ano de 2007 para você?
 
O ano de 2007 foi de várias conquistas no bodyboarding. A mais importante delas foi o título de campeão brasileiro na categoria Amador Masculino. Independente desse resultado favorável em minha carreira, senti o meu surf evoluir muito.

E agora, em janeiro de 2008, decidiu relaxar um pouco no free surf?

É verdade, embora, mesmo no free surf, nunca deixo de treinar e procuro sempre estar me cuidando, tanto do meu corpo, como da minha mente. Eu sempre tive muita vontade de ir a Fernando de Noronha e este mês (janeiro) foi possível realizar este sonho.

Fiquei fascinado com a beleza do lugar, sem falar nas ondas perfeitas do arquipélago. Fui pra água todos os dias, tanto de manhã, quanto à tarde. Trouxe de lá mais de 100 fotos. Estão muito boas. São de autoria dos fotógrafos André Dantas e Luciano Saraceni.

O que achou do mar de Noronha?

Incrível. Dei sorte de pegar boas ondas todos os dias. A formação das ondas em Noronha é excelente. Nos oito dias em que estava lá, entrou um swell e o mar cresceu muito. Cheguei a surfar ondas de 8 pés. Outro aspecto legal é a convivência com outros surfistas de todo o país e até mesmo de fora. Além de agradável, a gente sempre aprende muito.

O localismo em Noronha é muito forte como dizem?

O localismo é um fenômeno sempre presente em todo lugar e lá não é diferente, mas depende muito da sua postura, de você saber respeitar o espaço do outro. Eu não tive problemas. Procuro surfar boas ondas, mas sempre com humildade.

Além do mar de Noronha, o que mais impressionou na ilha?

Como eu já falei, a natureza lá foi muito generosa. São ilhas oceânicas, de origem vulcânica. É muito lindo, é indescritível, só indo para conferir pessoalmente. Mergulhei na praia do Sancho, no Sueste e no Porto, visitei a Baía dos Porcos, a praia do Leão e, à noite, dei uma passada no bar do Cachorro.

E quais os seus planos para este ano?

Ainda de férias, vou aproveitar o período do carnaval para conhecer as praias da Costa Rica. Vai ser também uma oportunidade de conhecer o tão falado mar do Caribe. Agora, em fevereiro, é melhor o lado do Atlântico. Quero conhecer vários lugares de natureza exuberante e poder surfar todo tipo de onda. Tenho também muita curiosidade por culturas diferentes.

E a carreira no bodyboarding?

Este ano de 2008 será especial para mim, pois virei profissional e não quero poupar esforço. Vou priorizar o campeonato brasileiro e o baiano, mas estarei presente nas três etapas européias, em Portugal e na Espanha, previstas para agosto. Voltando da Costa Rica, vou focar o meu treino para o Mundial, na praia Brava, em Itajaí (SC), logo no fim de março.

E os estudos?

Tenho 18 anos, concluí o segundo grau e vou me preparar este ano para ingressar na Universidade. Já estou matriculado num cursinho.

E dá para conciliar tudo?

Com esforço sempre dá. Não é fácil, mas a gente consegue. Tem que ter muita disciplina e vontade.

Mas ainda falta muito apoio para o bodyboarding no Brasil, ou não?

Tirando a atenção dada ao futebol, acho que todos os esportes no Brasil ainda são pouco apoiados, mas sou otimista. O bodyboarding só faz crescer, é uma modalidade de surf bem radical e as pessoas têm percebido isso cada vez mais. Falta só as empresas verificarem melhor este cenário e vão ver as vantagens de apoiar o nosso esporte.
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