Salas abre o jogo
Em entrevista ao SurfBahia, Israel Salas comenta título brasileiro e novo momento na carreira
Israel Salas é um grandes nomes do bodyboarding brasileiro. Aos 29 anos, ele tem uma carreira recheada de vitórias no litoral baiano e coroou seu belíssimo trabalho com o título brasileiro profissional em 2012.
Como o circuito teve apenas duas etapas e ele terminou o ano empatado com o capixaba Léo Costa, a Confederação Brasileira de Bodyboarding optou por declarar dois campeões, o que gerou muitas críticas no meio especializado.
Atualmente morando no Espírito Santo e muito feliz com a assinatura de contrato com a Kamona Surf Shop, que vai viabilizar a participação do atleta em algumas provas do circuito mundial a partir de Arica, Chile, o baiano concedeu uma entrevista ao SurfBahia e falou sobre a sua vitoriosa carreira e as dificuldades encontradas no bodyboarding.
O fato de dividir o título brasileiro com outro atleta tira um pouco do sabor da conquista?
Creio que não. O sabor de uma grande vitória, mesmo que seja desta maneira, me fez muito feliz. Porém, ambos não temos culpa da falta de organização estrutural da CBRASB... Nós, atletas, fizemos a nossa parte.
O que achou dessa decisão da Confederação de dividir o título?
Seguindo o livro de regras, foram feitas todas as possibilidades para um desempate, porém como foram realizadas somente duas etapas, nós dois ficamos com resultados iguais. Léo Costa foi campeão da primeira etapa e eu fiquei em nono colocado. Já na segunda etapa, realizada em Salvador, minha terra natal, fui o grande campeão, uma vitória inesquecível na minha carreira até hoje. E o Léo ficou em nono. Por falta da realização da terceira etapa, ficamos empatados. E só poderia ser feito o desempate em uma bateria disputada homem-a-homem num evento oficial. Já estamos em 2013 e ainda não existe um calendário, imagine se estivéssemos esperando um evento oficial até hoje? Para frustração maior, a entidade não fez o registro das etapas junto ao Ministério do Esporte, impedindo assim, a solicitação de um benefício muito necessário em minha carreira, o Bolsa Atleta do Governo Federal. Agora vamos virar essa página de Circuito Brasileiro, cujo objetivo já foi alcançado. O foco agora é o Mundial.
Como foi essa transição da Bahia para o Espírito Santo? Foi difícil deixar sua terra?
No início foi muito difícil, porém necessária. Aqui no Espírito Santo já me estabilizei, constituí família e fiz grandes amigos. Deixar um lugar mágico como a Bahia, e com pessoas sinceras, além da família e dos amigos de infância, foi muito duro, mas temos que realizar nossos sonhos.
Quais os principais benefícios e as principais dificuldades que você enfrenta morando em outro estado?
Morando aqui, pude pegar outros tipos de ondas. Aqui, desenvolvi um projeto de uma marca de pranchas, a Air Bodyboards. Tenho como sócio o meu xará Israel Eduardo, de Rio das Ostras (RJ). E graças a Deus, estamos bombando, distribuindo em todo o Brasil. O fato de o ES ser divisa com Rio me proporcionou acesso a um dos grandes pólos do esporte. Consegui grandes vitórias no ES, porém falando de patrocinadores, todos os que eu tenho são do Rio. Meu patrocinador principal é a Kamona Surf Shop, que está me dando todo o suporte para a realização de um grande sonho: ser campeão mundial. Ela está custeando minha participação no Circuito Mundial, a partir de Arica, Chile, em diante, me dando uma estrutura que nunca tive em toda a minha carreira. Tenho também o apoio da Trammer, marca de confecções de São Gonçalo.
Os atletas capixabas te receberam muito bem ou houve algum preconceito pelo fato de você ser baiano?
A grande maioria dos atletas capixabas me recebeu muito bem, aqui fiz grandes amigos. Em relação ao preconceito, a minoria se sente ameaçada pelo fato de eu ser um cara determinado que corro atrás dos meus sonhos. Estou aqui só para fazer o meu trabalho. É como aquele velho ditado diz: nem Jesus agradou a todos.
E em relação às ondas, qual a diferença de treinar no ES e na Bahia?
Aqui no ES, as ondas são tubulares e pesadas, porém sem tanta constância, como a Bahia.
Você também já morou em Ilhéus. Como foi essa experiência e o que acha das ondas daquela região?
Passei uma temporada de 6 meses em Ilhéus, fiz amigos inesquecíveis e surfei ondas incríveis. Saudades do paraíso.
Diferente do surf, Ilhéus não consegue revelar tantos bodyboarders no cenário nacional quanto Salvador. Qual a razão disso?
As dificuldades para se conseguir um patrocinador que te proporcione aparecer para a mídia e participar de grandes eventos, inibem a aparição de atletas talentosíssimos que existem em Ilhéus. A razão disso creio que seja proporcional ao número de praticantes e tamanho das cidades.
Você acha que os bodyboarders enfrentam mais dificuldades que os surfistas? Por quê?
Sim. A dificuldade em conseguir uma empresa que dê o suporte que o atleta profissional necessita é bem mais difícil que no surf. O bodyboarding é um esporte muito jovem, porém vem crescendo com uma velocidade absurda e com manobras extremamente radicais, isso me fascinou. O surf é um esporte antigo, e que tem uma organização diferenciada por parte das entidades que o administram.
Fale sobre sua rivalidade com Uri. Qual o segredo para conseguir derrotar um atleta que parecia ser imbatível na Bahia?
Não tenho rivalidade. Uri é um atleta excepcional e de caráter incrível. O meu desejo de vencer e realizar os meus sonhos é enorme, sempre penso nisso nas baterias, seja com Uri ou outros atletas.
Você sente algo especial quando entra na água para enfrentá-lo?
Uri é um atleta que conquistou os principais títulos no esporte, natural que quando caio em uma bateria com ele, queira dar o meu melhor.
Costuma acompanhar o circuito mundial pela internet? Acha que tem totais condições de fazer bonito ou teria dificuldade para conquistar seu espaço?
Sim. Sempre que posso acompanho e torço por todos os brasileiros. Acredito muito no meu potencial e continuo trabalhando forte, o que faltava era um patrocinador para proporcionar a ida aos eventos do Circuito Mundial. Depois de 14 anos de carreira, enfim consegui. Agradeço à Kamona Surf Shop por me ajudar a realizar esse sonho. Dificuldades todos nós encontramos, mas a vontade de vencer é maior.
Para finalizar, deixe uma mensagem para os internautas do SurfBahia.
Se você tem um sonho, acredite. Sonhe. Vá em busca dos seus objetivos que Deus sempre reserva o melhor para nós. Queria deixar um grande abraço a agradecimento a todas as pessoas que acompanham o meu trabalho e torcem por mim. Deixo aqui o meu muito obrigado. O sol brilha pra todos!