Depois de conquistar um brilhante vice-campeonato na primeira etapa do Mundial de Bodyboarding, em Pipeline, Hawaii, o atleta Uri Valadão bateu um papo com a equipe do SurfBahia e falou sobre o show na prova e as perspectivas para a temporada.

Valadão comenta ainda o novo momento do bodyboarding com a criação da Association of Professional Bodyboarders e algumas mudanças no novo Tour.

Segunda final em Pipe na carreira. Essa teve um sabor mais especial?

Com certeza! Na primeira vez eu não tinha noção da dimensão de uma final em Pipe. Hoje, o fato de eu conseguir dominar mais este tipo de onda e saber das reais dificuldades de competir aqui deixa, sem dúvida, um sabor sabor mais especial.

Você fez uma boa nota no início da final, mas demorou bastante para arrancar outra nota expressiva até fazer aquele 9.50. O que aconteceu?

A bateria era de 40 minutos e eu entrei bem nervoso e querendo muito o titulo. No início fiquei muito afoito, pegando qualquer coisa, e os caras só vieram nas ondas excelentes. Então, tive que me acalmar e passar a escolher melhor as minhas ondas pra tentar entrar na briga. Foi nessa hora que consegui pegar a onda do 9.50, um backflip bem alto para o Backdoor. Depois estive com a prioridade boa parte da bateria, esperando subir outra onda com potencial, mas a série boa só subiu 10 segundos depois do término da bateria.

Ben Player é um adversário que mexe com o psicológico dos atletas e gosta de colocar pressão? Como é competir contra ele?

Ele, além de ter muito talento, é um competidor nato. Adora ficar falando e puxando conversinha lá dentro pra desconcentrar, mas muitas vezes ignoro e nem dou muita atenção, afinal de contas já competimos muito juntos e conheço bem a figura. Mas é uma boa pessoa, eu respeito muito e merece tudo o que já conquistou.

Você sentiu muita diferença com essas novas pranchas (GTboards)?

As pranchas estão voando!!!! São fantásticas!! Pra ter uma ideia, a prancha que usei no evento de Pipe só tinha surfado com ela duas vezes e me adaptei incrivelmente rápido. Gostei muito delas, principalmente na hora de aterrissar nas grandes manobras. Estou muito feliz com os novos foguetes, são perfeitos!

Você sempre teve uma grande amizade com GT, apesar das batalhas na água, e agora ele é também seu patrocinador. Acha que a partir de agora ele vai te passar mais experiência ainda?

Já está passando (risos)!!! Eu até brinquei com ele que agora ele vai ter que me passar todos os seus segredos dele (risos). Na verdade, cada um tem suas particularidades, mas neste campeonato ele me deu um suporte incrível e vibrou muito a cada bateria.

Qual a expectativa dos atletas com essa nova associação de bodyboarding? O circuito mundial vai ser esse mesmo promovido pela APB (Association of Professional Bodyboarders)?

Sim, a APB agora, através dos próprios atletas profissionais, vai gerir o circuito mundial. As expectativas são boas e acho que agora vamos ter que começar do zero novamente, fortalecendo aos poucos, mas com maior perspectiva de crescimento. 

Quais as novidades que estão especulando para este ano no Tour?

A única novidade é que as etapas agora voltarão a ter níveis de estrelas, de acordo com qualidade das ondas, prêmios, infra-estrutura e por aí vai, mas os locais das provas não devem sofrer muitas alterações.

Como anda a sua situação em relação a um patrocinador principal? Fica complicado bancar tantas despesas?

Ainda estou buscando um patrocinador principal. O circuito deste ano terá muitas provas e fica bem caro pra gente arcar com todas essas despesas. Espero conseguir logo um patrocinador principal para conseguir viajar para todos os eventos e tentar disputar o bicampeonato mundial.

Muitas pessoas acham que namorar tira o foco do atleta nas competições, mas muitos atletas de ponta do surf mundial viajam ao lado das esposas e namoradas. Em Pipe você esteve acompanhado pela namorada pelo segundo ano consecutivo. Essa companhia te dá mais motivação e segurança?
 
Minha namorada é muito tranquila, entende perfeitamente minha profissão e me ajuda muito em tudo. Ela é minha grande parceira, me incentiva, me filma sempre surfando e ama estar na praia. Tudo fica mais fácil Além de tudo, ela ainda exige bastante de mim e questiona o porquê de eu ter errado alguma manobra. Isso é ótimo pra mim porque acabo me cobrando mais neste sentido!!! Com certeza ela me ajudou muito no meu foco aqui durante este evento.

E agora, quais os próximos compromissos? Fica até quando no Hawaii?

Fico aqui no Hawaii até dia 12 de março, treinando e trabalhando em imagens para a GT boards e Kpaloa. Em maio tem a etapa em Arica, Chile, e já estou focado nisso.

Quer deixar alguma mensagem?

Obrigado a todos que torceram e acreditaram em mim durante essa jornada. Vocês fizeram parte dessa conquista!!!