Surfando com Mineirinho

Fabrício Fernandes relembra passagem de Mineirinho por Stella


Era uma quarta-feira do final do mês de novembro. Eu tinha acabado de fazer uma session muito boa com ondas de 1,5 a 2 metros na praia do Aleluia.

Quando já estava chegando em casa, olhei umas ondas de 1,5 no Corrente muito boas. Mesmo não aguentando mais nada, resolvi entrar no mar para pegar mais meia-horinha.

Enquanto descia do carro e pegava minha prancha, vi um moleque (pelo menos parecia com um por causa do tamanho) esfacelar uma esquerda com nada menos que oito batidas de backside, com muita velocidade e força, tirando a prancha toda da onda a cada manobra.

Em uma outra onda, uma direita, o cara mandou um aéreo de frontside muito alto com a mão na borda, invertendo tudo e voltando de rabeta. Aquilo me deixou chocado. Nunca tinha visto ninguém surfar daquele jeito aqui em Salvador.

Quem seria esse cara? Algum talento da nova geração? Obtive a resposta quando cheguei ao line-up. Era Adriano de Souza, que estava na cidade desde a noite anterior para lançar a coleção da Oakley que levava o seu nome.

Confesso que fiquei um pouco afastado e como estava muito cansado, quase não peguei onda, ficando apenas olhando o surf mais do que impressionante daquele que se tornou um orgulho nacional.

Adriano de Souza surfava com uma 5 e 8, sem cordinha, em ondas fortes de 1,5 metros, e mesmo com um certo crowd de pessoas que surfavam muito bem, Mineirinho se destacava com sobras!

Lembro que Cacau e Rodrigo Menezes (que em Salvador mudou para Barreto), dois caras que sempre gostei muito do surf (principalmente da batida de backside e go for it de Rodrigo) , pareciam estar em câmera lenta comparado ao mágico Mineirinho que, muito humilde, falava baixo, não remava na onda de ninguém, dando atenção a todos que chegavam perto dele e mostrando muita atitude nas ondas com todo tipo de manobra que alguém possa imaginar.

Rabetadas animais invertendo tudo e jogando muita água. Aéreos, batidas, floaters e, em seções que nós mortais ainda estávamos remando para dropar, Adriano achava uns tubos. Até um alley oop por cima do cabeção de pedra o cara mandou!

Saí da água e ainda fiquei um bom tempo olhando aquele surfista ultra talentoso para tentar aprender alguma coisa com o seu show!

Se já tinha a certeza de que falta muito pouco para De Souza chegar ao título máximo do surf, neste dia pude ratificar esse sentimento.

Talvez um retoque na linha, uma colocação melhor em Pipeline, mas muito pouco, muito pouco mesmo, falta para esse dedicado atleta, que vive longe das drogas e é extremamente esforçado, chegar ao topo!

Muito obrigado, Mineirinho, por me proporcionar um dos melhores shows de surf que já vi na vida e também por renovar a minha esperança, depois da saída do Gouveia, de um dia poder gritar bem alto que somos campeões mundiais de surf!


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