Rota balinesa

Alexandre Piza bate um papo com o fotógrafo baiano Rodrigo Calzone, sobre sua temporada em Bali


Destino preferido de 9 entre 10 surfistas, quando o assunto é onda de performance e tubo, a Indonésia concentra em suas milhares de ilhas tesouros descobertos e muitos ainda secretos.

Bali é uma das ilhas mais conhecidas de todas, apresentando diversos picos, para diversos níveis de surf e, claro, com bastante crowd. Principalmente crowd na alta temporada de ondas, que vai de abril a setembro.

Só que não. Engana-se que fora de temporada a Indonésia só tenha chuva, maral e turistas europeus.

Figurinha carimbada de nossas matérias e galerias de fotos, Rodrigo Calzone, embarcou para uma temporada, fora de temporada, em Bali e em entrevista exclusiva vai nos contar um pouco das peculiaridades dessa época e ratificadas através das belas imagens que vocês podem conferir na galeria.

SurfBahia - Rodrigo, como surgiu a idéia de ir pra Bali sem ser na época mais conhecida pela constância e qualidade das ondulações?

Rodrigo Calzone - Aconteceu tudo muito rápido, surgiu uma promoção muito boa de passagens e o melhor preço que se tinha era para o final de novembro. Sabia que era uma época fora da temporada de surf, mesmo assim resolvi arriscar eaprender a me posicionar nos melhores lugares tanto para fotografar, como para surfar.

SB - É sua segunda ida à Bali, uma você foi na alta temporada. Você sentiu diferença de preços de estadia, locomoção e alimentação ou é a mesma coisa?

RC - O preço da estadia é o mesmo, mas como pago para ficar o mês consigo um preço melhor, assim também acontece com a locomoção, tudo o que você fecha por um tempo maior, o preço tende a cair. Alimentação deu uma leve aumentada, mas nada exorbitante.

SB - E em relação ao público atual que freqüenta a ilha, são menos surfistas do que na alta temporada?

RC - Tem surfistas o ano todo e em grande quantidade, mas é na alta temporada que começa a chegar surfistas mais experientes e renomados do cenário mundial.

SB - Conte-nos um pouco de como é fotografar surf por aí. Sentiu algum tipo de resistência ou teve problema com fotógrafos locais?

RC - Não tem muito mistério, é saber chegar e fazer acontecer, e aos poucos as coisas vão acontecendo. Graças a Deus não tive nenhum problema.

SB - E com o idioma, é mais fácil desenrolar no inglês, balinês ou na mímica? Fale um pouco sobre a questão da comunicação.

RC - É necessário ter um inglês, facilita bastante, mas na mímica dá para se virar e usando o google tradutor. Foi como comecei a fazer.

SB - Bali tem duas questões conhecidas que deixam alguns viajantes um pouco receosos: as questões da natureza (vulcões, terremotos, tsunamis) e atentados terroristas. Fala-se muito disso por aí? Você sente essa preocupação real no coletivo e até em você mesmo?

RC - Não vejo as pessoas falarem sobre isso, Bali é um paraíso, de muitas energias boas. Não há muita frequência de desastres naturais, então é chegar, curtir e relaxar.

SB: Vamos voltar para a parte boa. Está surpreso com a qualidade das ondas nessa época? Pelas imagens e relatos, vemos que dá para fazer a cabeça mesmo nessa época, não é verdade?

RC - Logo que cheguei fiquei uma semana sem clicar, pois estava muito pequeno, mas depois começou a engatar com boas ondas. É uma boa opção para fugir do verão brasileiro de poucas ondas.

SB: Alguns surfistas profissionais estrangeiros têm passado por Bali nessa época e alguns até fixaram residência por aí. Você encontrou já com alguns deles?

RC - Sim, o Marcelo Nunes, ex WCT, Guilherme Tripa, que é um freesurf especialista em aéreos, e tem o Raul Bormann, que participa de algumas etapas do QS e mora aqui em Bali.

SB - E os locais balineses? Antigamente, quando o crowd não era um super-problema por essas bandas, eles tinham fama de ser ultra amistosos, mas já houve relatos e registros que isso mudou um pouco. O surfista indonésio, de uma forma geral, deixou de ser tão inocente e pacato como há algumas décadas?

RC - Se você souber chegar e respeitar a todos que estiverem na água, sem dar aquela típica voltinha de brasileiro, irá surfar tranquilamente sem arrumar nenhum problema. Os balineses são alegres e sabem te receber bem, e são educados.

SB - Nessa época agora, entre dezembro e janeiro, como é o crowd, tanto em termos de nível de surf, como quantidade e problemática dentro da água?

RC - É crowd o ano todo, principalmente em Uluwatu. Mas até o momento não vi nenhuma confusão na água.

SB - Como um surfista de posicionamento regular, você já aprendeu finalmente a entubar de backside?

RC - Tenho como objetivo aprender também.

SB - Falando nisso, quem quiser fazer a cabeça nas direitas (sem ter que entrar na mega fila de Keramas) é possível?

RC - Sim, tem alguns picos bons que quebram boas direiras. Greenbowl é uma delas.

SB - Nos programas de TV, ou mesmo antigamente nas revistas, falava-se muito também dos perigos dos rasos fundos de coral da ilha, dos cortes, das infecções. Se o cara vacilar aí, se machuca feio mesmo, ou é algo raro de acontecer?

RC - Os corais são bem afiados, qualquer vacilo pode estragar sua trip.

SB - Você sentiu algum tipo de hostilidade por ser brasileiro? Ou melhor, a nossa fama de fominha e rabeador no mar continua em alta por aí?

RC - Não, super tranquilo. Essa fama sempre vai existir, mas acredito que já deu uma boa diminuída.

SB - A vida noturna em Bali também é bem famosa. A diversão aí é tranquila ou está mais para pipoca do Chiclete?

RC - Com essa comparação é bem tranquila, não tem confusão e muito menos aquela poluição musical.

SB - Outro ponto conhecido são os famosos “piriris” por intoxicação alimentar ou da água. Você acredita que aí eles pequem na higiene em geral ou esse é um problema que só rola com estrangeiro que não está adaptado à água e à comida local?

RC - A higiene em alguns lugares é bem ruim, tem que saber onde comer e ver onde a galera te indica para comer com tranquilidade.

SB - Você já passou mal alguma vez nessa ou na temporada anterior por conta da água ou comida?

RC - Já sim, algumas semanas atrás fiquei mal da barriga devido alguma comida que não caiu bem, acontece, tive o famoso Bali Belly.

SB - Para finalizar, você tem dicas “preciosas” para quem quer colar em Bali, seja em que época do ano for?

RC - Sim, só me acompanhar lá no meu Instagram @rodrigocalzone que estou sempre mostrando os locais por onde passo. E quem tiver por aqui em Bali, da um alô e vamos fazer essa session!

É isso aí, obrigado pela entrevista, Rodrigo.

Obrigado SurfBahia e Alexandre Piza pelo espaço de sempre, Tmj!

E você, leitor, fiquem ligados em nossas próximas matérias direto de algum lugar do planeta!

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